Augusto Araújo Lopes Zamith
AUGUSTO ARAÚJO LOPES ZAMITH
Augusto Araújo Lopes Zamith, nasceu em Carangola, pequena cidade do interior de Minas Gerais. De família pobre, mudou-se para o Rio de Janeiro, com a finalidade de concluir seus estudos, em nível secundário, mas já sonhando em entrar para a Universidade do Brasil.
Durante o período de seus estudos, como a ajuda da família era extremamente limitada, Zamith manteve-se dando aulas particulares de química, física e de matemática, até mesmo para os seus colegas de turma.
Concluído seu curso secundário, ingressou na então Escola Nacional de Química da Universidade do Brasil. Sua trajetória nesta Instituição, como aluno e mais tarde docente, foi das mais marcantes, tornando-se Catedrático da Cadeira de Físico-Química e, no final dos anos 60, Diretor da Escola.
Paralelamente ao seu cargo na Escola Nacional de Química, Zamith era também professor titular do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF) onde, durante vários anos, exerceu a chefia do Departamento de Ensino. Foi também professor do Instituo de Óleos, do Ministério da Agricultura, órgão hoje já extinto.
Em 25 de abril de 1969, enquanto Diretor da Escola Nacional de Química, foi aposentado compulsoriamente, com base no ato institucional número 5, uma das mais perversas e vergonhosas armas criadas pela ditadura militar que se instaurara no país. Da mesma lista dos atingidos por este ato infame constava o nome do professor João Cristóvão Cardoso, também hoje aqui reverenciado.
Em 1 de gosto de 1969, anulada a sua aposentadoria compulsória, reassumiu a Cátedra de Físico-Química da ENQ. Em 1971, com a mudança da Escola para a Cidade Universitária e a anexação do Departamento ao Instituto de Química da UFRJ, Zamith passava a ser Professor Titular de Físico-Química do IQ/UFRJ, já que, pela reforma universitária, os professores catedráticos foram transformados em professores titulares.
Com a consolidação do regime de tempo integral, em 1974 Zamith desligou-se das sua funções no CBPF para dedicar-se exclusivamente as suas atividades no IQ/UFRJ, onde permaneceu até a sua aposentadoria, voluntária, em 1980.
Professor por excelência, suas aulas impressionavam não só pelo seu domínio da matéria mas também pela sua organização didática. Avesso a pesquisa não por lhe faltar competência para a investigação científica mas por não acreditar ser possível competir com os países do primeiro mundo – , mesmo assim participou ativamente dos cursos de pós-graduação do CBPF e do Programa de Pós-Graduação do Departamento de Química Orgânica do IQ/UFRJ. Fato pouco conhecido, Zamith orientou a primeira tese de mestrado da COPPE, que teve sua origem no Programa de Pós-Graduação em Engenharia Química, inicialmente instalado nas antigas dependências da ENQ, na Praia Vermelha. Antes de se aposentar, apoiou fortemente a criação do Programa de Pós-Graduação de Físico-Química do IQ/UFRJ, iniciado em 1979.
Figura austera, que tanto temor causava nos “calouros” da Físico-Química, revelava-se ,entretanto, dócil e muito humano a todos aqueles que tiveram o privilégio de com ele conviver mais intimamente. O profesor Zamith gozava de profundo respeito e admiração de todos os seus colegas, fruto da qualidade de seu caráter, da sua competência e da seriedade com que sempre conduziu as atividades do Departamento de Físico-Química. Estas suas virtudes tornaram-se marca registrada do Departamento, e mesmo os professores mais jovens, que não tiveram a privilégio de com ele conviver, ao serem admitidos no Departamento, sentem-se imediatamente impregnados da enorme responsabilidade que é manter o alto padrão de ensino e a respeitabilidade do Departamento, legados maiores do Mestre Zamith.
Augusto Araújo Lopes Zamith foi uma lição de vida, a nos ensinar que antes dos sofisticados equipamentos e dos belos laboratórios, uma Instituição se faz com pessoas, competentes e de caráter.