As pessoas com TEA (Transtorno do Espectro Autista) oferecem um campo de estudo constante, pois eles são indivíduos que apresentam funcionalidades diversas e cada indivíduo apresenta um universo a parte.
Porém, algumas das suas características principais e que são as que identificamos essas pessoas como classificadas TEA os colocam em um grupo de pessoas que podem não indicar diretamente um risco alto de contaminação do coronavírus. Porém sua rotina é imensamente afetada pela questão do isolamento social, a partir do momento que suas rotinas são afetadas acarretando na maior probabilidade de irritabilidade dentre as reações que esse tipo de indivíduo poderá apresentar.
Os TEA são muito fechados e têm a tendência a se isolarem em ambientes de maior número de pessoas, disso todos sabem. Em casa, por conseguinte, muitos deles se desenvolvem com quem conquista suas confianças, quando estimulados, cuidados, acompanhados por equipes interdisciplinares e muitos terapeutas.
Muito por essa rotina médica, terapêutica e de suas atividades, o TEA quebra a sua agenda, seus afazeres nesse momento crítico de suas vidas, portanto essa pessoa precisa que quem estiver com ele no seu confinamento estabeleça uma outra rotina, usando o convencimento através de muito diálogo para o entendimento dessa situação diversa.
Explique para essa pessoa com cuidado, tato e paciência. Espere o tempo e controle suas reações buscando dar alternativas de atividades prazerosas e que gastem sua energia para que sejam acalmados até que sua nova rotina seja por ele aceita.
Estabeleça horários, exercícios físicos, dança, música e busque algo que seja do agrado dessa pessoa. Respeite os momentos de recusa dessa novidade toda. Deixe-o em alguns momentos no seu espaço e tempo, aguarde observando suas reações para não evoluir para quadros depressivos, mas o respeite também.
Quando aceito, utilize o tema que o TEA gosta de conversar, pesquisar e trabalhar, pois pode ser um bom canal. Quando possível use das leituras, vídeos, brincadeiras sempre. O lúdico é um bom caminho, a arte uma linguagem bastante eficaz de ponte de comunicação.
Com essas práticas, alguns pais que conheço estão conseguindo manter seus filhos com TEA em equilíbrio e mais felizes em casa.
Quanto ao contágio, somente explique a ele para se manter distante sempre que ele se aproximar, não deixando de dar carinho da forma que for possível para que ele não se sinta carente e depressivo.
Higiene e boa alimentação são recomendadas para prevenção, tanto quanto qualquer outra pessoa. Nesse ponto eles não sofrem tantos riscos, mas precisam ser muito vigiados para não infringir algumas etapas de procedimentos básicos no seu banho ou desinfecção das mãos e objetos que possam ter vindo de ambientes externos ou manuseados por terceiros foram da convivência familiar.
Juntos pais e filhos vencerão essa dificuldade.
Indicando um vídeo de uma live realizada sobre essa discussão por médicos e psicólogos com respeito aos cuidados e quando a pessoa com autismo contraí a Covid-19, confira:
Texto de Professora Cristiana de Barcellos Passinato, TAE e responsável pelo Setor de Acessibilidade do IQ-UFRJ.